We expect...




Quem nunca ficou na expectativa de ser convidado (a) para o aniversário de um colega, de ser chamado (a) para uma vaga de emprego, de que a pessoa que você gosta te ligue, ou de que seu amigo te compreenda e nada disso aconteceu, entende um pouco sobre frustração. Decepção.

Criar expectativas é mesmo uma droga.  Ô! Eu bem sei. Já tem um tempinho que estou prestando  mais atenção nisso e acho que é quase impossível não criar expectativas em relação a algumas coisas, situações e principalmente pessoas. Mas mais importante do que tentar não tê-las é saber o que fazer depois da frustração, sabe? Porque afinal de contas, ninguém tem responsabilidade sobre as expectativas que VOCÊ  imaginou.


O filósofo Sêneca dizia que as nossas frustrações acontecem porque esperamos demais  da realidade e que devemos criar uma indiferença dos acontecimentos, deixar que a vida aconteça e usufruir ao máximo do que está ocorrendo, independente do que teremos como resposta.
É lindo na filosofia! Eu sei que essa postura filosófica não é fácil de viver… Mas a gente pode tentar, se esforçar. A gente sempre vai esperar do outro alguma coisa. Mas quando nós esperamos a resposta de um gesto, por exemplo, eu vou amar e quero que você me ame também, vou escrever e quero que você me responda, assim criamos pra gente uma prisão. Quando nos colocamos a esperar, nos aprisionamos.



Perdi as contas de quantas vezes  já disse: "ele  é o melhor amigo do mundo".  Mentira! Uma hora ele pode vacilar, uma hora ele pode cair, e eu vou ter que reconstruir aquele amigo dentro de mim, do jeito certo. E quando dizem que estão decepcionados comigo? Eu digo: "que ótimo!" Porque é a partir da decepção que você pode me conhecer. A partir da decepção nasce a verdade e a partir da verdade, podemos ser amigos de verdade. Eu não sou um personagem para agradar, não tenho obrigação de ser um personagem para agradar ninguém, eu tenho a responsabilidade de ser a melhor pessoa que eu puder ser. Se você se decepcionou comigo porque algo não aconteceu como você esperava, o problema não é meu, é seu. A imaturidade não é minha, é sua. 



Pode parecer contraditório, mas me considero uma pessoa romântica, embora eu não acredite em amores românticos, tipo amor à primeira vista… Esse tipo de "amor" corre um grande risco da pessoa se apaixonar não por aquilo que a outra é, mas por aquilo que você espera que ela seja. Quantas pessoas vivem numa prisão de ser o que não é, para ser o que a outra pessoa espera? 

Acredito que o verdadeiro amor é processual, é aquele que vai sendo descoberto a medida que defeitos e qualidades são colocados à mesa. É difícil? Sim, muito. Mas conto de fadas, definitivamente nunca vi. Essa história de amor romântico, perfeito… Affff. Geeeente, vai devagar aí que o namorado (a) que você tem é frágil e tem muitos defeitos que você precisa conhecer, até você ter o direito de eleger e finalmente dizer: conheço seus defeitos, conheço suas qualidades e quero viver o desafio de fazer dar certo.

Príncipe encantado tem mau hálito quando acorda. Tem "suvaqueira" de vez em quando. Unha encravada. Barriguinha.  Chatices e etc.



É horrível descobrir que a pessoa que você gosta ou gostou nunca existiu, que foi só uma projeção, mas o engraçado é que quando conseguimos fazer essa reflexão, a gente se liberta.
Quero amar alguém pelo prazer, ou pela pureza que o amor pode me oferecer, eu não vou amar porque posso receber algo de volta, e também não vou fazer um gesto de caridade porque quero receber do outro um reconhecimento pela caridade que fiz.

Não tem problema se decepcionar. Esta é a chance de reconstruir, mas do jeito certo, não tem que ser como era no passado, tem que ser do jeito que pode ser agora. É assim que a gente faz a vida dar certo, sem ilusões. Já chega as ilusões que o mundo quer colocar dentro de nós... é da realidade que precisamos.